Do básico ao de luxo, confira um roteiro com os principais endereços que vendem peças e acessórios secondhand
Para economizar ou inovar, os brechós já são destino favorito do paulistano que busca algo além das vitrines nos shoppings. De pechinchas a raridades de grife, as lojas de segunda mão refletem o crescimento da economia circular, que valoriza a reutilização de produtos no lugar da compra de uma peça fabricada do zero. No Brasil, um levantamento do Google Maps revelou que a procura por brechós aumentou 140% em comparação ao ano passado e, segundo dados da plataforma americana ThredUp, o crescimento de vendas de brechós pode até ultrapassar o varejo de moda em 2024. “Quem oferta essas roupas aos brechós tem uma motivação para não deixá-las no armário e quem compra tem a chance de economizar com a opção mais barata”, resume Alberto Ajzental, professor de economia da FGV. “Mesmo no mercado de luxo, a tendência é economizar: você usa duas vezes uma bolsa de festa e depois revende para comprar um modelo diferente na sequência”, explica.
A pandemia, claro, acelerou esse comportamento. “Foi quando passamos a enxergar o próprio consumo e a entender o que tem dentro do guarda-roupa”, reflete Natália Adachi, consultora e criadora da página Guru de Brechó. No próximo ano, ela planeja lançar uma plataforma desenvolvida para divulgar brechós de todo o país. “Quando ganhamos pleno acesso às redes sociais, qualquer pessoa passou a ter a possibilidade de vender e muitos se abriram para esse mercado desde então.” Tudo isso vai além do vestuário e inclui, por exemplo, itens de decoração. Entre lojas com opções básicas, vintage, contemporâneas, elegantes ou de luxo, visitamos e selecionamos onze dos principais endereços físicos dedicados a roupas e acessórios usados na capital paulista. Confira o roteiro completo:
BRECHÓ COLMEIA
Com itens a partir de 10 reais, o local funciona em formato colaborativo e abriga vários expositores fixos. O prédio de três andares reúne seleções de acessórios, peças femininas, alguns modelos plus-size e uma boa leva de roupas masculinas — do básico ao elegante, incluindo criações de estilistas nacionais que vão direto das passarelas para as mãos de João Lima, dono do Jeu Brechó. O próprio edifício foi um “achado” dos sócios, que inauguraram após meses de limpezas e reformas no espaço até então abandonado. Após uma primeira sessão de desapego feita em um pequeno bazar, descobriram a oportunidade de negócio e largaram suas carreiras na arquitetura. “Hoje nossos clientes são tão diversos quanto nosso acervo”, descreve Reginaldo da Luz, um dos fundadores. Para mais pechinchas, o grupo realiza edições trimestrais de um megabazar, com descontos em todos os produtos, inclusive os móveis de segunda mão expostos no último piso.
Largo do Arouche, 438, República, ☎ 95467-5842. Seg. a sáb., 11h/19h. Fecha dom. @brecho_colmeia
PEÇA RARA
Primeiro endereço da rede de franquias em São Paulo, a unidade inaugura em novembro uma seção de roupas masculinas, algo ainda bastante raro nos brechós paulistanos. Por enquanto, o térreo é tomado por roupas infantis a partir de 30 reais, além de uma pequena seleção de vestidinhos de grife, como um Moschino listrado por 627 reais no tamanho para crianças de 4 anos e um Carolina Herrera de 614 para crianças de 6. No 2º andar ficam as bolsas, acessórios e peças femininas, com vasta coleção de jeans, blazers, calças e bolsas.
Rua Haddock Lobo, 920, Jardins, ☎ 96590-3390. ♿ Seg. a sáb., 10h/19h. @pecarara.jardins
CANSEI VENDI
Bolsas de grife são o forte da marca, criada em 2013 por Leilane Sabatini. Seu acervo guarda mais de 10 000 itens, incluindo sapatos e acessórios, todos com garantia de autenticidade. A verificação é feita em duas etapas, primeiro pela sua equipe e, em seguida, por uma empresa especializada de Los Angeles.
Aberta em 2022, a loja física próxima à Oscar Freire mantém apenas as versões mais queridinhas e em alta no mundo da moda, com modelos de até 30 000 reais — mas do estoque é possível encontrar raridades como a mini Lady Dior em cetim de cristais (mesmo modelo usado por Lady Di no Met Gala de 1996), por 11 000 reais. Com fila de espera para interessados em comprar uma nova, a Birkin também surge às vezes: a opção da vez é a Birkin Horseshoe, feita sob medida nas cores azul e laranja, por 92 000 reais.
Alameda Lorena, 1969, Jardins, ☎ 97643-3112. ♿ Seg. a sex., 10h/19h. Sáb., 10h/18h. Fecha dom. @cansei_vendi
MINHA AVÓ TINHA
Aberto em 1992 na região de Perdizes, o brechó ocupa há oito anos um casarão de 700 metros quadrados na Lapa, onde guarda boa parte do acervo acumulado pelo proprietário Franz Ambrósio. Com serviço de locação, ele já chegou a fornecer figurinos para diversas produções audiovisuais da Netflix e de canais como Band e Record. Da curadoria de peças à venda prevalece sempre o vintage, com marcas nacionais e estrangeiras como Dior, Givenchy, Dijon e Yes Brasil e média de 80 reais por item. Além de expor objetos de antiguidade, como louças e enfeites, um segundo endereço em Higienópolis reúne peças selecionadas, com sapatos, bolsas e vestidos.
Rua Tomé de Souza, 100, Lapa, ☎ 9947- 9312. ♿ Seg. a sex., 9h/18h. Sáb., 9h/16h. Rua Tinhorão, 122, Higienópolis, ☎ 95637-0713. ♿ Seg. a sex., 10h/19h30. Sáb., 10h/17h. @minhavotinha
LAS HERMANAS
Um cantinho descolado em Pinheiros é o lar do brechó fundado pelas amigas Larissa Sagesser e Alessandra Gradim em 2018. Por lá, araras expõem opções vintage e atuais de peças femininas, masculinas e sem gênero, por preços que variam, em média, de 29 a 199 reais. São vestidos da Zara e da Farm, sapatos da Luiza Barcelos e da Adidas, casacos quentinhos garimpados na Argentina e as famosas jaquetas jeans dos anos 90, que caíram no gosto dos “brechozeiros”.
“Pessoas que antes torceriam o nariz ao entrar na loja, hoje são clientes e fornecedoras”, comemora Alessandra. O Las Hermanas compra desapegos a partir de dez peças. A loja também desenvolve parcerias com pequenas empresas, no setor de acessórios, cosméticos veganos e outros produtos além das roupas.
Rua Mateus Grou, 572, Pinheiros, ☎ 97830-8486. Todos os dias, 11h/18h. @lashermanas.brecho
BELA SHOP
Especializada em bolsas e acessórios de luxo, a marca da brasiliense Giovanna Nardelli começou com um investimento de cerca de 12 000 reais. Hoje, a empresária, que acaba de inaugurar uma unidade na capital paulista, conta no catálogo com peças que ultrapassam esse valor, caso da rara bolsa Dior 30 Montaigne na cor rosê, com apenas cinquenta unidades no mundo, que custa 17 990 reais no site, 10 000 a menos que na butique francesa. Boa parte dos produtos, no entanto, não passa de 5 000 reais, como a bolsa preta de paetê da Dolce & Gabbana, disponível no endereço paulistano por 3 290 reais. “Comecei com o aluguel, mas, na pandemia, o mercado de luxo cresceu e resolvi focar na venda”, diz Giovanna, que já toca uma sede bem-sucedida em Brasília desde 2020. Além das grifes tradicionais, como Saint Laurent e Gucci, a Bela Shop também oferece bolsas do setor de “baixo luxo”, com representantes como Coach e Michael Kors, para os consumidores iniciantes. A compra deve ser feita com hora marcada e pode ser parcelada em até dez vezes, a depender do valor.
The Project Corporate (sala 408). Rua Doutor Melo Alves, 89, Cerqueira César, ☎ (61) 99103-2534. Seg. a sex., 10h/19h @bybelashop
CAPRICHO À TOA
O brechó, localizado em Sumaré, é um dos maiores e mais antigos da capital. Comemorando 32 anos em 2023, tem três andares com salas cheias de araras e prateleiras, que exibem marcas diversas — do fast fashion às grifes de luxo — no setor feminino, masculino e infantil. Se decidir visitar, vá com tempo: são cerca de 36 000 peças, considerando bolsas, sapatos, acessórios e alguns poucos móveis e itens para casa. “Comecei em 1978 e, na época, havia muito preconceito. Nos últimos anos, tenho recebido muitos clientes millennials e da geração Z”, conta a proprietária, Denise Pini. Focado em moda atual, o Capricho à Toa reúne produtos a partir de 6 reais e tem até uma cafeteria, onde dá para comer e descansar durante o garimpo.
Rua Heitor Penteado, 1096, Sumaré, ☎ 2137-5926. Seg. a dom., 10h/17h50 (fecha em domingos alternados do mês). @caprichoatoa
FROU FROU VINTAGE
Uma discreta porta de vidro no Baixo Augusta esconde o caminho até a loja da figurinista Giovanna Belucci, que toca o endereço há dezesseis anos com sua mãe, Luzia Belucci. Repletos de lustres extravagantes e cabeças de manequim adornadas de chapéus e pares de óculos, os dois andares têm cada centímetro bem ocupado por araras lotadas, prateleiras de sapatos e paredes com bolsas e colares. Impossível saber para onde olhar primeiro. Mas o olhar da proprietária segue voltado à moda vintage, seu foco desde a abertura, e é comum surgirem criações de designers e marcas como Isabel Marant, Emilio Pucci, Gucci e Daslu. No total, são cerca de 36 000 itens, alguns deles disponíveis para aluguel em eventos e ensaios fotográficos — recentemente, um colar de metal do francês Pierre Cardin, de 1968, chegou a ser usado pela ex-BBB e cantora Juliette.
Rua Augusta, 725, Consolação, ☎ 93421-7776. Seg. a sáb., 12h/18h. @froufrou.vintage
EMIGÊ
Pertinho do Beco do Batman, o brechó, inaugurado no ano passado, oferece uma boa seleção de roupas e acessórios atuais, principalmente femininos, com preços que variam de 30 a 200 reais, em um ambiente amplo e moderno. A empresa, criada em 2020 pelo publicitário Diego Mazon e sua esposa, a designer de interiores Maria Gedeon, cresceu tanto que, no mês passado, passou a vender na plataforma on-line Dafiti, e inaugurou ontem (2) uma loja no Shopping Center 3, na Avenida Paulista. “Hoje, a indústria têxtil é a segunda que mais polui o meio ambiente. Acreditamos que a moda do futuro é a moda circular”, diz Diego. Dentro desse ciclo de sustentabilidade, o Emigê funciona a partir de um sistema de trocas: o cliente vira fornecedor e viceversa, podendo trocar desapegos por créditos dentro da loja.
Rua Luís Murat, 308, Pinheiros, ☎ 3815-5100. ♿ Seg. a sáb., 10h/19h. Dom., 11h/18h. @emige.it
DAZ ROUPAZ
“Fast fashion second hand.” É assim que o brechó, que tem duas unidades na capital, uma em Pinheiros e outra no Itaim Bibi, se define. Ambas trabalham com peças femininas, masculinas e infantis, de marcas como Zara, Riachuelo e Arezzo, com preços entre 20 e 100 reais. Um dos diferenciais da marca é a possibilidade de trocar desapegos por créditos em outras lojas, como a C&A e a própria Zara. Agora, a Daz se prepara para lançar uma carteira virtual na qual os clientes podem aplicar os créditos até em compras na Petlove e no supermercado Santa Luzia. “Somos um ecossistema, pois trazemos iniciativas para além das lojas”, diz Julia Wolff, que divide a sociedade com a irmã, Gabriella Wolff.
Rua Artur de Azevedo, 1122, Pinheiros. Seg. a sáb., 9h/18h30. Rua Clodomiro Amazonas, 35, Itaim Bibi. Seg. a sáb., 8h/17h30. ☎ 96441-4047. ♿ @daz.roupaz
ORIT
A compra e venda de peças de ouro e joias de diamantes movimentam os negócios da empresa, fundada em 1958 e comandada pelos irmãos Rony e Nicole Sztokfisz. Boa parte dessa captação de produtos usados é feita pelo site, o que tem atraído clientes cada vez mais jovens, e o extenso acervo de relógios de luxo conquista o público masculino. Acessórios a partir de 400 reais são cada vez mais comuns no portfólio da marca, mas a vitrine da loja em Higienópolis exibe um impressionante relógio Patek Philippe cravejado em diamantes por quase 450 000 reais. Opções mais “em conta” que essa incluem um broche vintage de 11 800 reais e um relógio Cartier de 29 990 reais. Além de uma unidade no Shopping Ibirapuera, a empresa inaugurou em 1º de novembro outra loja no Shopping Iguatemi Campinas.
Shopping Pátio Higienópolis (Piso Veiga Filho). Avenida Higienópolis, 618, ☎ 3660- 1818. ♿ Seg. a sáb., 10h/21h30. Dom., 14h/19h. @orit.joia
MAIS ACHADOS
Outros endereços de brechós e eventos que valem a visita
Feira de Brechós Pop Plus
Voltado à moda plus-size, o evento ocorre esporadicamente no Petra Belas Artes e está previsto para retornar em 2024. Uma versão maior, que mistura brechós e marcas de roupas novas, acontece em dezembro no Club Homs.
Avenida Paulista, 735, Bela Vista. 9 e 10/12, 11h/20h. @popplusbr
Fora do Closet
A proprietária Sandra Raffaelli é um dos contatos em São Paulo para quem busca bolsas Hermès, incluindo a cobiçada Birkin. Outra raridade é o baú Louis Vuitton, vendido pela marca apenas sob encomenda.
Rua Afonso Braz, 579 (conj. 31), Vila Nova Conceição, ☎ 95981-0169. Seg. a sex., 9h/18h. @foradocloset
Luz da Villa
O brechó de moda vintage e atual ocupa um sobrado fofo na Zona Sul, onde dá para encontrar de calças jeans a vestidos de festa.
Rua Áurea, 422, Vila Mariana, ☎ 99846- 7393. ♿ Seg. a sex., 10h/17h30. Sáb., 10h/18h. @luzdavilla
Troca de Luxo Da empresária Fabiana Justus, o showroom de bolsas e sapatos funciona apenas com hora marcada. Por motivo de segurança, o endereço não é divulgado pela marca, mas fica na região da Avenida Faria Lima. Além das favoritas Chanel e Hermès, as grifes Celine e Loewe estão entre as mais vendidas.
☎ 95354- 6239 @trocadeluxo
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