Se parece coisa de brechó garimpar peças usadas para usar ou revender, é exatamente isso, só que do mercado de alto luxo. Funciona mais ou menos assim: os irmãos Rony e Nicole Sztokfisz compram peças usadas, dão uma tratada, deixam com aspecto de novo e colocam à venda, e como vendem.
O hit são os anéis em ouro com pedras preciosas, principalmente com diamantes. Mas os relógios também são uma sensação à parte. A saber: muitas das joias não podem ser recuperadas por completo para que não percam sua autenticidade e originalidade, mas nem por isso deixam de despertar o desejo dos clientes, que entendem esse processo de recuperação das peças.
A história da Orit nasceu há 65 anos, com os avós poloneses dos irmãos Rony e Nicole. “Em 1958, nascemos com uma pequena loja de consertos de joias e relógios, chamada Astor, na Avenida Rangel Pestana, no Brás, em São Paulo”, conta Rony. Hoje, além de vendas no e-commerce eles têm duas lojas físicas na cidade de São Paulo (nos shoppings Pátio Higienópolis e Ibirapuera). No ano passado, eles venderam em média 300 peças por mês – só relógios foram 40 mensalmente.
Foto: Divulgação
“Eu assumi os negócios em 2020, quando decidi, após conversas com meu pai e com minha irmã, criar a Orit, uma empresa de secondhand profissionalizada, com o olhar no futuro, mas que honra o seu passado. Meu pai passou a ser o conselheiro da Orit, orientando-nos na tomada de decisões relevantes”, diz Rony.
Nas lojas da rede, cerca de 80% de todo o mobiliário utilizado veio de outros donos. No escritório, esse porcentual chega a 100%. E quando alguma peça como cadeira, mesa, sofá, aparador, entre outros, não é mais usado pela Orit, é encaminhado para doação.
“Nós temos preocupação em fechar o ciclo de vida do produto. Por isso, procuramos doá-lo para outras pessoas – no caso, nossos colaboradores – quando eles não são mais utilizados por nós, para que eles continuem sendo usados até o fim do seu ciclo de vida útil”, diz Nicole, diretora de marketing e sustentabilidade da Orit.
Ela ressalta que, pelo fato de buscar muito esse tipo de item no mercado secondhand, acabou criando um espaço para armazená-los. “Nós temos um local onde guardamos esses produtos, mas ainda não é um galpão. Quem sabe um dia chegamos lá”, acrescenta.
Sustentabilidade
Aos poucos, a Orit está expandindo a sua filosofia voltada para a sustentabilidade para outras ações, como a coleta de produtos que são difíceis de reciclar em seus pontos de venda e escritório. Por exemplo, Nicole cita as buchas para lavar louças usadas e instrumentos de escrita, como canetas, lápis, etc.
A iniciativa, segundo ela, está sendo cada vez mais absorvida por seus colaboradores. “Eles começaram a trazer esses produtos usados de casa para nós, até mesmo coletados de seus parentes. As pessoas começam a aprender a ter um olhar diferente quando precisam comprar alguma coisa, no sentido de avaliar a sua reciclagem. Tem muitas coisas que compramos que não podem ser descartadas.”
“Temos um plano de expansão para os próximos quatro anos, que inclui a abertura de novas lojas em shoppings no País, investimento em tecnologia e melhorias no e-commerce para oferecer uma experiência única ao cliente, com o objetivo de atingir 20% das vendas através de nosso site e o fortalecimento de nossa marca como referência no mercado secondhand de luxo e na economia circular, tornando a Orit a melhor solução para o consumidor que queira vender, trocar ou comprar uma joia ou relógio de luxo, de forma consciente, permitindo-nos assim participar de cada momento da sua vida. Temos a visão de que o mercado secondhand veio para ficar e queremos ser a alternativa mais simples, segura e justa no mercado de joias e relógios de luxo usados”, finaliza Rony.
https://harpersbazaar.uol.com.br/bazaar-green/orit-o-segredo-de-comprar-e-vender-usados-de-alto-luxo/
